Seguro de Vida: Aprenda a Comparar
- Ines Goes

- 8 de jan.
- 5 min de leitura
Escolher um seguro de vida pode parecer simples — faz-se umas simulações online, compara-se o preço e o capital, e já está! Certo? Bem… Na verdade, há muito mais para considerar. Aprenda a comparar seguros de vida.
Antes de avançarmos, há uma nota que gostaria de fazer: muitas pessoas associam o seguro de vida apenas ao crédito habitação: é “uma coisa que o banco obriga a ter para aceitar emprestar dinheiro”. Mas vai muito para além disso... Ter um bom seguro de vida pode garantir a estabilidade financeira da sua família, ou a sua própria qualidade de vida (caso enfrente uma doença grave ou uma invalidez). Pode assegurar a continuidade do negócio que criou com as suas próprias mãos, ou até apoiar nos estudos dos seus filhos.
Trata-se de um verdadeiro ato de responsabilidade para consigo próprio, e um ato de amor e de cuidado para com as pessoas que mais ama.
Feita esta ressalva, vamos prosseguir. Vou agora guiá-lo pelos pontos mais importantes para que possa comparar seguros de vida de forma informada e segura:
1. Comparar o comparável
A primeira ideia a ter em conta: não compare o seu seguro de vida com o da sua vizinha…
Comparar seguros de vida entre pessoas com idades, profissões ou histórico clínico diferentes é um erro. A idade influencia diretamente o prémio (valor que paga pelo seguro), assim como profissões de maior risco ou condições de saúde pré-existentes. Para uma comparação justa e eficaz, é necessário comparar apólices entre perfis semelhantes ou solicitar simulações personalizadas, adaptadas a si e à sua realidade.
2. O “Preço” não é tudo!
O valor do prémio é importante, sem dúvida, mas não deve ser o único critério. Um seguro mais barato, para o mesmo capital, pode ter mais exclusões ou coberturas diferentes. Imagine que paga menos para poupar “uns trocos” e, num momento de necessidade e aflição, descobre que afinal, naquela situação, a seguradora não paga nada…
Existem seguros de vida com mais exclusões que outros. A maioria dos seguros de vida têm várias limitações, como exclusão de doenças preexistentes, álcool no sangue, viajar de mota, certas práticas desportivas ou determinadas profissões. Ler atentamente as condições gerais e particulares do contrato permite entender as situações em que a cobertura não se aplica e evita surpresas desagradáveis no futuro.
Deixo um exemplo muito simples (nomes fictícios):
O João tinha um seguro que lhe custava 100€/mês, com capital de 50.000€. O João, lamentavelmente, teve um acidente de carro e morreu. Como aquele seguro não tinha exclusões, a família recebeu 50.000€ de imediato. Foi “limpinho”, e esse montante foi essencial para que a família se conseguisse reorganizar sem perder a qualidade de vida que o João sempre lhes quis dar.
O irmão gémeo do João, o Pedro, só paga 35€/mês pelo seguro de vida, com um capital superior de 100.000€. Fez melhor negócio? Não sabemos… Eu explico: se o Pedro morrer da forma certa, a família dele recebe muito mais do que a família do João. Só que… O Pedro lembra-se que no dia em que o irmão morreu, tinham almoçado juntos e bebido vinho ao almoço. O Pedro não sabe, mas se tivesse sido ele a ter o acidente, a família dele não tinha recebido nada. Porquê? Porque o seguro de vida do Pedro exclui acidentes sob efeito de álcool…
3. Tipos de Invalidez: IAD vs. ITP
Não basta verificar se o seguro cobre invalidez: é essencial perceber que tipo de invalidez. A Invalidez Absoluta e Definitiva (IAD) exige que a pessoa esteja totalmente incapacitada e dependente de terceiros para as atividades diárias. Já a Invalidez Total e Permanente (ITP) pode ser acionada com percentagens de incapacidade mais baixas, como 60% ou 66%, dependendo da seguradora.
Não se engane: uma cobertura de ITP com uma percentagem mais baixa é melhor, porque abrange mais situações e proporciona uma maior proteção para si.
4. Ler na diagonal não chega…
Por vezes, as companhias de seguros têm seguros e coberturas com o mesmo nome, mas com uma definição ou critérios de aceitação muito diferentes. Por exemplo: a definição de “Doenças Graves” não é igual para todas as seguradoras e pode contemplar diferentes doenças, ou diferentes estádios de uma doença. Por isso, é fundamental comparar os detalhes das condições contratuais, e não apenas os nomes das coberturas.
5. Adiantamento de capital para Doenças Graves
Alguns seguros oferecem adiantamento de capital em caso de diagnóstico de doenças graves, como cancro ou AVC (por exemplo). Esta opção pode ser determinante para pagar tratamentos médicos caros ou adaptar a rotina familiar, por exemplo. No entanto, as condições e períodos de carência diferem de seguradora para seguradora. Convém saber bem o que está a contratar, para não ficar frustrado depois, numa altura que (por si só) já será suficientemente complicada.
6. Seguros Mistos: Proteção e Poupança
A maioria dos seguros de vida não devolve os prémios pagos, caso chegue ao final do prazo e ainda esteja vivo (e vamos torcer para que isso aconteça, obviamente).
Mas existem seguros mistos, que combinam proteção com uma componente de poupança. Nestes casos, uma fatia do prémio é investida, permitindo recuperar parte (ou a totalidade) do valor que pagou no final do contrato. Esta opção pode ser vantajosa para quem procura proteção e, simultaneamente, uma forma de poupança com algum retorno garantido.
Vale a pena debruçar-se sobre esta hipótese. As opções são mais que muitas e, nestes casos, a comparação torna-se ainda mais complexa e vital (nomeadamente no que toca às condições e valores de resgate).
7. Particularidades do Seguro de Vida Habitação
No caso específico dos seguros de vida para o crédito habitação, há seguros que garantem 100% do capital em caso de morte e invalidez de um dos titulares, outros garantem apenas 50% do capital (metade). Procure um seguro que garanta o pagamento da totalidade da dívida em caso de morte ou invalidez de qualquer um dos titulares.
É também possível optar entre ter ou não ter atualização automática de capitais, ou seja, o capital do seguro vai reduzindo à medida que o crédito vai sendo liquidado. Como as comunicações entre as companhias de seguros e os bancos não se fazem em tempo real, certifique-se com alguma regularidade de que o seu seguro tem o capital atualizado. Esteja atento, pois se o capital estiver desajustado pode estar a pagar mais do que devia, ou então pode ter um capital abaixo do necessário para garantir que a dívida fica paga.
A Importância de um Aconselhamento Personalizado
Cada pessoa tem necessidades diferentes, por isso não existe um seguro de vida “universal”, nem uma receita infalível para fazer a escolha certa. O meu papel é analisar o seu perfil, esclarecer dúvidas e ajudar a encontrar a solução que melhor protege o seu futuro, o da sua família, o do seu negócio.
Se quer tomar uma decisão informada, estou aqui para ajudar.
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